O núcleo da Terra é composto principalmente de ferro, dividido em um centro interno sólido de aproximadamente 2.440 quilómetros de largura, coberto por uma camada exterior líquida de cerca de 2.250 quilómetros de espessura.
Embora a maior parte do núcleo seja de ferro, os pesquisadores já sabiam que ele continha uma pequena quantidade de elementos mais leves, como oxigénio e enxofre. Conforme o núcleo se cristaliza ao longo do tempo, os cientistas acreditam que o processo força a maioria desses elementos leves, que migram através do núcleo externo líquido.
Agora, geocientistas acreditam que detectaram todos estes elementos leves concentrados nas regiões mais extremas do núcleo. A descoberta parece ser uma nova camada do núcleo da Terra, e, segundo os cientistas, pode ajudar a resolver os mistérios do campo magnético do planeta.
Para estudar o núcleo da Terra, os pesquisadores monitorizaram as ondas sísmicas que viajam através de sua camada exterior. As ondas foram geradas por terramotos na América do Sul e no sudoeste do Oceano Pacífico, e foram registadas utilizando matrizes de sismógrafos no Japão e no norte da Europa.
As velocidades das ondas sísmicas que viajaram através da camada mais exterior do núcleo, em diferentes profundidades, sugerem que a sua composição não é a mesma em todos os lugares. Em vez disso, os primeiros 300 quilómetros do núcleo são uma estrutura distinta, com a seção mais próxima a fronteira constituída até 5% de elementos leves.
Alguns pesquisadores podem chamar a descoberta de uma nova camada do núcleo da Terra, e outros não. Os geocientistas compararam a “nova camada” às camadas da atmosfera. Por exemplo, a estratosfera, acima de nossas cabeças: é ou não é uma camada? Não há limite para isso, apenas uma mudança no perfil da temperatura com a altitude.
Da mesma forma, não há limite para inferir uma parte superior do núcleo, e uma inferior, apenas uma inclinação lenta na velocidade da onda, e, eventualmente, um ligeiro aumento quando se aproxima da superfície do núcleo.
Os pesquisadores acreditam que os resultados podem ajudar a resolver os mistérios sobre o campo magnético da Terra. Eles acreditam que a rotação do núcleo da Terra dá poder ao campo magnético que circunda o planeta. Um problema persistente é saber como o núcleo provém energia para esse campo magnético.
Segundo os cientistas, a solução mais plausível é que a expulsão de elementos leves a partir do núcleo libera o que é chamado de energia potencial gravitacional. Conforme esse líquido leve sobe, transmite a energia que carrega o fluxo de metal no núcleo, que por sua vez ajuda a manter o campo magnético em execução. A explicação se encaixa com o perfil de velocidade de onda observada na pesquisa.
Os pesquisadores afirmam que futuros terramotos podem fornecer uma compreensão ainda melhor desta estrutura ultra-periférica do núcleo. Segundo eles, a principal colaboração dos próximos estudos será produzir um modelo melhor sobre os líquidos do núcleo e avaliar o crescimento do núcleo com a composição da camada.