sábado, 28 de janeiro de 2012

Abalo no Haiti poderá ser aviso de novos tremores de terra

 
Estudo refere sismos devastadores de intensidade semelhante.
O sismo que destruiu grande parte da capital do Haiti, há dois anos, poderá ser a manifestação de um novo ciclo de actividade sísmica com futuros tremores de terra devastadores, concluiu uma investigação publicada na quinta-feira nos EUA.

Segundo os autores do estudo liderado por William Bakun, da U.S. Geological Survey, os arquivos históricos revelam uma actividade sísmica frequente nas Caraíbas nos últimos 500 anos, mais particularmente na ilha de Hispaniola, partilhada pelo Haiti e pela República Dominicana.
Sismólogos apoiaram-se em numerosos relatos de destruições provocadas por diferentes tremores de terra para avaliar a sua intensidade, a sua situação geográfica e amplitude e, assim, elaborar um modelo.

No estudo, publicado no Boletim da Sociedade Americana de Sismologia, os autores descrevem uma série de sismos devastadores ocorridos no século XVIII na falha de Enriquillo, que atravessa a ilha de Hispaniola de este a oeste.

Um abalo de magnitude 6,6 ocorreu em 1701 no Haiti, muito próximo do epicentro do violento sismo de 12 de Janeiro de 2010, de magnitude 7,0, que matou mais de 200 mil pessoas. De acordo com os cientistas, as descrições dos abalos e da sua intensidade são semelhantes.

A 3 de Junho de 1770 registou-se um tremor de terra de magnitude 7,5, a oeste da zona do sismo de 2010, que ocorreu após 240 anos de pausa sísmica. Para William Bakun, do Instituto de Geofísica norte-americano e um dos co-autores do estudo, a falha Enriquillo “parece novamente activa”.

Os especialistas aconselham, por isso, o Haiti e a República Dominicana a prepararem-se para sismos de uma intensidade semelhante aos que se verificaram.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Explosão solar pode afectar sistemas de comunicações na Terra

Uma enorme explosão solar que ocorreu, esta segunda-feira de madrugada, poderá afectar os sistemas de comunicações na Terra. O Observatório do Clima Espacial da NASA alerta: o Sol está a passar uma fase "muito activa".

foto AFP

Mancha solar em direcção à Terra


A erupção solar que ocorreu esta madrugada está classificada como M9, ou seja, uma das mais fortes que existem.
"Não se pode concluir que haja perigo", ressalva o Observatório da NASA, mas, tratando-se de uma explosão tão forte, é possível que surjam novas erupções em breve, acrescenta.
Os satélites captaram a mancha solar a movimentar-se em direcção à Terra, numa explosão que foi detectada, com alguns minutos de diferença, na Austrália, Nova Zelândia, China e Índia.



Fonte: http://www.jn.pt/PaginaInicial/Sociedade/interior.aspx?content_id=2258516

domingo, 15 de janeiro de 2012

Magnitude sete ameaça Grande Lisboa

“Existem três grandes falhas sísmicas que afectam a região da grande Lisboa e que são muito provavelmente activas: a Falha de Vila Franca de Xira, a Falha do Pinhal Novo e a Falha de Samora Correia – Alcochete”. Esta é a principal conclusão de um recente estudo realizado por Carlos Cancela Pinto, investigador da Unidade de Recursos Minerais e Geofísica do Laboratório Nacional de Energia e Geologia.

Ao Ciência Hoje o geólogo revelou que “foi calculado o sismo máximo expectável para cada uma das falhas e chegou-se à conclusão que a primeira poderá gerar um sismo de magnitude 7.06, a segunda de 6.42 e a terceira 6.52”.
A descoberta permitiu “identificar as falhas geológicas capazes de gerar sismos e destruição e perda de vidas na região da grande Lisboa”, afirma Carlos Cancela Pinto.

Do ponto de vista económico, político e de ordenamento, o cientista considera necessária uma “maior atenção e compreensão destes eventos de forma a prevenir os efeitos de uma catástrofe natural” como é um sismo. “Recordemo-nos do sismo do Japão de 2010 que, apesar da magnitude 9.0, a destruição causada pelo sismo foi pequena devido a politicas consistentes de construção e protecção civil”, exemplifica.

Para além disso, do ponto de vista científico, “este trabalho poderá abrir portas para novos projectos científicos que corroborem (ou não) as falhas identificadas e que melhorem a compreensão da Bacia Terciária do Vale Inferior do Tejo”, acrescenta.

Apesar do cálculo do risco sísmico não ser competência do LNEG, Carlos Cancela Pinto adianta que “embora os intervalos de recorrência (o período entre dois sismos na mesma falha) para sismos de magnitude elevada seja um intervalo longo, pensa-se que a ocorrência de um sismo numa falha poderá despoletar deformação nas falhas adjacentes. Essa é uma conclusão, que poderá explicar os vários sismos destrutivos nos últimos mil anos”.

As falhas assinaladas a tracejado indicam falhas prováveis


Para realizar este trabalho, o geólogo utilizou uma “metodologia inovadora em Portugal”. Foram congregados dados num programa informático utilizado pela indústria petrolífera, Openworks Landmark, com o objectivo de compreender e identificar as principais falhas da região. Foram utilizados dados geofísicos, catálogos sísmicos, dados de altimetria, sondagens geológicas e furos profundos providentes da indústria petrolífera, bem como cartografia geológica de superfície recentemente actualizada.

Com base nos resultados obtidos foram interpretadas novas falhas que “são muito possivelmente estruturas activas, pois no registo dos dados de sísmica de reflexão afectam formações geológicas mais superficiais”.

Finalmente, calcularam-se as magnitudes dos sismos máximos expectáveis para essas novas falhas identificadas e para as já anteriormente conhecidas. Verificou-se que sismos de magnitude superior a 6 poderão ocorrer nas falhas identificadas, em consonância com o registo histórico.

Os próximos passos que Carlos Cancela Pinto pretende dar incluem a investigação com instrumentos de sísmica de alta resolução e abertura de trincheiras nas zonas das principais falhas, com o objectivo de confirmar se estas falhas tiveram actividade nos últimos 25 mil anos e estudá-las, determinando o período de recorrência e sismos máximos expectáveis

sábado, 7 de janeiro de 2012

Trilobite “gigante” encontrada em Mação

Trilobites têm 445 milhões de anos

 
Uma nova espécie de trilobites foi ontem encontrada em Chão de Lopes, Mação, uma descoberta científica de relevância internacional com 445 milhões de anos, anunciou um dos responsáveis pelo achado paleontológico.

Em declarações à Agência Lusa, Artur Sá, do Departamento de Geologia da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) não escondeu a sua euforia ao revelar a descoberta de uma “espécie nova” de trilobites – “uma trilobite gigante para este género da espécie panderiae” -, com um tamanho “cinco vezes superior às até hoje conhecidas cientificamente” a nível mundial.
“Apesar dos seus cinco centímetros, esta é uma espécie gigante para este género de trilobites, que são milimétricas, quando muito atingem o centímetro”, afirmou, assegurando que a equipa que coordena fez o achado a “um nível fossilífero único” na Península Ibérica.
“Mação é o melhor sítio em Portugal para o estudo da grande glaciação ocorrida na Terra há cerca de 445 milhões de anos e que foi responsável pelo desaparecimento de mais de 90 por cento das espécies então existentes”, observou.
“A riqueza fossilífera das rochas do concelho”, continuou, “onde pontificam restos e marcas de seres vivos como trilobites, braquiópodes, bivalves e equinodermes, entre outros, com cerca de 450 milhões de anos, são únicos no país e a qualidade e diversidade dos fósseis de Mação são reconhecidas internacionalmente”, vincou, sendo que ali foram descobertas e definidas, entre outros, as trilobites Eoharpes macaoensis (dedicada a Mação) e Actinopeltis tejoensis (dedicada ao vale do Tejo).

“Além disso”, reforçou, “a qualidade dos afloramentos geológicos do concelho justificou a recente inventariação do ‘Corte Geológico de Chão de Lopes Pequeno’ como o mais importante em Portugal para o estudo da grande glaciação como o atestam as duas importantes descobertas hoje ocorridas”, no âmbito do Período Ordovícico.
Composta por jovens integrados no programa Ciência Viva e por alunas de doutoramento de duas universidades espanholas, a equipa de Artur Sá recolheu ao longo da última semana cerca de duas mil fósseis, que este considerou serem um espólio “do mais alto valor patrimonial e de alta relevância para o mundo e para a ciência”.
Segundo referiu, as trilobites foram encontradas incrustadas em rochas que, à altura, fariam parte de uma enorme cadeia montanhosa e que estariam no fundo do mar, onde as trilobites viveriam. “O que é hoje Mação era, há 445 milhões de anos, mar profundo. E era o que existia, sendo que Mação e o mar estavam então quase no pólo sul”, observou.